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Descomplicando a arquitetura

Por que e como cobrar por hora

Muitos arquitetos utilizam métodos diferentes para orçar seus serviços. Entretanto uma boa parte deles possui dificuldades nesta questão e acabam sendo prejudicados. Este artigo vai apontar os principais motivos para os arquitetos, engenheiros e designers de interiores utilizarem o método de orçamento por horas trabalhadas e como aplica-lo no seu escritório. Lembrando que nenhum método é absoluto e há sempre aquele que é melhor para cada um.



Porque cobrar por hora?

O método mais difundido de orçar serviços de arquitetura é a cobrança por metro quadrado. Entretanto este método abre brechas para incompatibilidade entre o quanto você realmente cobra e o quanto você pode vir a trabalhar. Isso se deve ao fato de que a complexidade do projeto orçado não é considerada e memso que seja, é um fator muito abstrato e impreciso. No fundo o que se pensa quando se contabiliza a complexidade é o quanto tempo aquele projeto levará com relação ao que precisará ser feito.

Para ficar mais fácil de visualizar esta questão, imagine que um cliente A pede um orçamento de uma casa de 300m² para uma família de 5 pessoas. Um segundo cliente B pede um orçamento para um galpão de 300m² para estoque de mercadorias. Pela teoria de orçamento por metro quadrado ambos ficariam o mesmo valor, porém na casa do cliente A haverá muito mais elementos para ser projetados e desenhados do que o galpão do cliente B. O número de compartimentações, detalhamentos de parede, diversidade de acabamentos é infinitamente maior. Além disso há toda a questão de levantamento de desejos e necessidades de cada habitante para desenvolver seus respectivos quartos e etc, podendo mesmo haver um projeto de piscina e área de lazer. No caso do cliente B, serão projetadas basicamente as 4 paredes, o telhado e no máximo pensado o fluxo de entrada e saída de carga e descarga, sendo que revestimentos e instalações são uma questão muito menos complexa.

Resumindo, o trabalho que o cliente A demandará é maior, portanto se ambos custarem o mesmo valor, o cliente A te dará prejuízo e o cliente B será cobrado injustamente. Afim de contornar esta situação é recomendado, no mínimo, tentar considerar a complexidade do projeto. Porém esta é uma caracterìstica muito abstrata e que necessitará de um tempo de planejamento para desenvolver um sistema de categorias ou algo do tipo. Ou então pode-se cobrar por hora.


Como cobrar por hora?

O mais importante é entender o que compõe o valor da hora trabalhada. O primeiro passo é estipular este valor e para isso precisamos saber as seguintes informações:

  1. Custos fixos

  2. Custos variáveis

  3. Multiplicadores


Custos fixos

Para estipular os seus custos fixos, por mês a princípio, leva-se em consideração todas as contas do escritório mês a mês. Materiais de escritório, luz, salários, aluguel e afins. Um detalhe importantíssimo caso você seja um autônomo é considerar seu prpóprio salário, afinal você mesmo o paga. Outro custo muito negligenciado é a depreciação dos computadores. Ela deve ser contabilizada, afinal eles nos dão gastos e são nossas ferramentas de trabalho. Basta fazer uma média de quanto você gasta por mês com manutenção e de quanto em quanto tempo você faz upgrde nas máquinas e quanto gasta com eles.

Feito isso você chegará ao seu custo fixo mensal e basta dividi-lo por 22, ou o número de dias úteis para você. Por fim dividir pelo número de horas que seu escritório funciona por dia. Feito isso você obtem o valor da sua hora bruta.


Custos variáveis

Esta etapa refere-se à tudo aquilo que será um custo exclusivo para aquele cliente como as horas trabalhadas e eventuais elementos necessários para aquele serviço específico. Estes elementos podem ser desde a inclusão de plotagens, terceirizações de render, visitas técnicas com gastos de transporte, alimentação, laudos e coisas deste tipo.

É muito importante que haja uma organização na contabilização das horas. Sugerimos que seja feita uma separação entre horas para criação e horas para executivo. É recomendado também que se faça um levantamento segmentado podendo ser por ambientes ou por matérias. Utilizando o método por matérias, você fará a divisão entre arquitetura, revestimentos, instalações, paisagismo, projeto de prefeitura e etc. Segmentando estes grupos em seus devidos subgrupos. Sugerirmos pensar por folhas entregues.


Multiplicadores

Nesta etapa, tendo o valor da hora e o número de horas trabalhadas, você possui o valor bruto do serviço. É nesta hora que você deve contabilizar seu lucro, eventuais descontos, taxas e impostos. Multiplicando sempre os impostos por último para que a dedução seja feita de forma correta.

Pronto, você chegou ao valor do serviço e pode fazer a conta para verificar o valor da hora líquida.

Importante: Sobre o lucro, há alguns gastos que devem ser deduzidos dele, como propaganda e tudo que envolva o crescimento e expansão do seu negócio, pesquise sobre a composição e como utilizar o seu lucro.


 

Para finalizar, é muito importante que você saiba o quantas horas considerar para cada elemento do serviço. Uma coisa que pode ajudar muito é a segmentação proposta acima, ela te permite ver o serviço etapa por etapa. É muito mais fácil saber quantas horas você leva para projetar, especificar e fazer uma planta de piso do que um projeto completo. Outra coisa que ajuda é tentar dimensionar as horas que você leva durante seu trabalho. Não precisa ser extremamente preciso com minutos e segundos, mas quanto mais preciso melhor. Assim você terá uma média do tempo necessário para cada etapa. Sugerimos cronometrar diáriamente e anotar a tarefa que está sendo feita. Uma dica é não pausar o tempo para o café, e ir no banheiro e atender o telefone, pois isso faz parte do seu serviço e você tem outras coisas para fazer além daquele projeto. Já está de bom tamanho anotar o horário de início e o de término daquela etapa.

Dicas

  • Uma margem média de lucro praticada pelo mercado é 30%.

  • Uma planilha no Excel é a forma mais prática de controlar o orçamento.

  • Faça um comparativo como se tivesse cobrado por m² (não se prenda ao valor, é apenas um comparativo).

  • Pesquise quais impostos se aplicam a você e como recolhe-los.

  • Busque meios de parcelamento no cartão.

  • Não incluir RRT antes dos multiplicadores, ela sairá injustamente cara para o cliente.

  • Contabilize uma margem de atraso para segurança nas horas de projeto.

  • Há uma taxa sugerida pelo CAU para visitas e laudos técnicos.

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